16.1.05

Novo tema.

Como a Jeane superou em muito as minhas expectativas ao escrever sobre o tema anterior (claro que ela só falou de São Paulo, mas esse é o mal de todo paulista), resolvi escolher um tema mais espinhoso, mas não menos interessante. Algo próximo de todos nós, mas ao qual não damos o devido valor até ser tarde demais...

Vida!

Bela, fugaz, medíocre, completa... Esses são alguns dos adjetivos que usamos para descrever o período de existência de alguém na terra, algo ao mesmo tempo abstrato e tão concreto, que mesmo ao mais empedernido descrente aparece como um mistério insondável. Coleção de vivências e sofrimentos, alegrias e desesperos, oportunidades e desesperanças, a vida é tudo isso e muito mais.
“Tudo que se vê não é, igual ao que a gente viu a um segundo...” Assim é a vida, uma sucessão de causas e conseqüências, uma “metamorfose ambulante”. Um segundo após o outro na contagem de nossas vidas e somos um individuo completamente diferente. As crenças a que nos submetemos estão em constante mudança, não porque não tenhamos convicção nelas, mas porque as nossas convicções se alteram, se completam ou dissociam com a rapidez de um piscar de olhos.
Entretanto, vida não é só o modo como agimos nessa passagem por esse mundo caótico, ou o que fizemos ou faremos nela. Vida é o balsamo com o qual os deuses agraciaram a matéria bruta, impura e inerte, a graça pela qual foi concedida uma existência ao inexistente, a percepção do mundo aquele que nada via. Enfim, vida é uma dádiva sem mensuração, impossível de compreender totalmente.
Porem, vida não é algo místico, não é algo passível de apreciação somente se acreditarmos em determinados dogmas teológicos. Por mais que os místicos e religiosos queiram que acreditemos que as vidas de todos são propositalmente determinadas e direcionadas por forças maiores que nós mesmos, me recuso a acreditar que eu não tenha direito a direcionar este barco vazio, ao qual me prende um fio tênue, ao meu bel prazer; que tudo que eu acumulo de vivencias em nada influenciará minhas ações, e por conseqüência as existências que a mim estejam ligadas de alguma forma acabem sofrendo interferência. Creio que somos todos fios de uma mesma teia, nossas existências estão interligadas, as vivencias que temos fortalecem ou rompem os fios desta teia, mas nem por isso conseguiremos estabelecer fios que nunca rompam ou que para sempre permaneçam desconectados.
Mas por mais etérea que sejam as conjecturas que fiz até aqui, a vida não perdeu sua materialidade. A impermanência a que todos seremos fatalmente relegados nos lembra o quão importante é essa passagem, o quanto devemos amar as pessoas que participam de nossa vida, e o quanto devemos nos esforçar por amar mesmo aquelas pessoas que nos relegam as profundezas do desespero. Sem isso, seriamos fortes candidatos a indivíduos amargos e sem relevância na existência de outrem.
Entretanto, somos levados a compreender o quanto à vida é um bem precioso e insubstituível, somente quando um ente querido tem uma doença grave, ou pior, quando definitivamente nos deixam, pois somos tomados pelo desespero de perceber que a existência daquela pessoa com a qual partilhamos vivencias e sentimentos, está presa a nós por uma infinitesimal corrente, que se, é poderosa, ao mesmo tempo não é inquebrável. Isso vale também para os amores que temos ao longo da vida e que apõem marcas indeléveis em nossa existência.
Porem, o desespero quando perdemos a pessoa que amamos, seja pelo termino de sua existência, de sua “vida”, seja pela percepção de que não somos as pessoas certas, no lugar certo, na hora certa um para o outro, é um golpe dos mais violentos. Muitos já tentaram e conseguirem alcançar a finitude do desespero criado por essas situações, acabando com a própria vida.
Mas mesmo com as mesquinharias, guerras, destruição, miséria e tantas mazelas mais, eu acredito na VIDA. Acredito que vale a pena nos determos para apreciar o canto dos pássaros, o pôr-do-sol, uma bela pintura, um casal de namorados...
Acredito irrevogavelmente que somos todos fadados a uma existência rica de experiências, em que a mais ínfima parcela de nossa vivencia é tão importante quanto outras. E que nada na vida é mais sublime que observarmos uma folha ao vento.
"Aonde não há voz, ali o Cavaleiro Templário deve levar a sua"
Nome:
Local: Porto Alegre, Brazil

Acadêmico de Direito

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